Conheça esse grupo de técnicas minimamente invasivas,
quando são indicadas e como podem ser realizadas
A obesidade é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas no mundo, colocando-as em maior risco para o desenvolvimento de diabetes, doenças cardíacas, câncer e até problemas ortopédicos. As cirurgias bariátricas não só ajudam as pessoas a perder peso, como também podem reduzir as chances de que uma dessas doenças se desenvolva.
Existem diversas modalidades de tratamento para esta condição, e uma delas é a chamada endoscopia bariátrica — que, semelhante às cirurgias bariátricas (como o bypass gástrico, gastrectomia vertical e banda gástrica ajustável), pode reduzir o volume do estômago ou alterar parte do trato digestivo para reduzir o número de calorias que o corpo pode ingerir ou absorver.
Nas técnicas de endoscopia bariátrica, porém, o acesso ao estômago é feito pela via oral, ou seja, não há necessidade de cortes externos, o que não deixa cicatrizes. Outra importante vantagem desse procedimento está no risco de complicações graves, que é significativamente menor em comparação à cirurgia tradicional de perda de peso.
Quando é indicada a endoscopia bariátrica?
As técnicas de endoscopia bariátrica podem ser indicadas como tratamento para a perda de peso em pacientes com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, ou com IMC igual ou superior a 27 que apresentam doenças associadas — como doença cardíaca, diabetes ou hipertensão.
Técnicas de endoscopia bariátrica também podem ser indicadas para casos nos quais ocorreram eventos adversos em procedimentos cirúrgicos bariátricos anteriores. Pacientes que apresentaram algum tipo de complicação relacionada ao bypass gástrico, gastrectomia vertical ou procedimento de banda gástrica ajustável (como fístulas, erosões ou torções), bem como aqueles que recuperaram peso após a cirurgia de bypass gástrico, podem se beneficiar de alguma das técnicas de endoscopia bariátrica.
Quais são os benefícios da bariátrica por endoscopia?
A endoscopia bariátrica pode promover uma perda de peso sem a necessidade de cirurgia ou cortes, utilizando uma técnica considerada minimamente invasiva. Além da perda de peso, o procedimento pode contribuir para redução da pressão arterial, melhora da apneia do sono, redução do risco de doenças cardíacas e de acidente vascular cerebral (AVC), além de combater o diabetes tipo 2.
Outros benefícios da endoscopia bariátrica incluem:
- Menor risco de complicações graves;
- Tempo de recuperação menor;
- Não envolve a retirada de nenhuma parte do estômago ou intestino;
- Não há necessidade de internação, e o paciente habitualmente pode ir para casa no mesmo dia em que é realizada a endoscopia bariátrica;
- Menor uso de medicamentos para controle da dor;
- Não há cicatrizes.
Quais são as técnicas de endoscopia bariátrica?
Atualmente, existem três procedimentos principais de endoscopia bariátrica: o balão intragástrico, a gastroplastia endoscópica e o plasma de argônio. Os dois primeiros são para pacientes sem histórico de cirurgia bariátrica e o último é indicado para pacientes já operados.
Gastroplastia endoscópica
Nesta técnica de endoscopia bariátrica, um endoscópio (um tubo fino e flexível com luz e uma câmera em sua extremidade) é inserido pela boca do paciente até atingir o estômago. Esse tubo leva com ele um equipamento que realiza suturas no órgão, com o objetivo de reduzir o volume total do estômago em até 80%. A gastroplastia endoscópica dura cerca de 90 minutos e é realizada com anestesia geral.
Balão intragástrico
Nesta técnica de endoscopia bariátrica, um balão confeccionado em silicone e uma pequena câmera são colocados endoscopicamente dentro do estômago. Guiado pela câmera, o médico posiciona o balão e o preenche com soro fisiológico. Uma vez inflado, ele ocupa espaço no estômago para que o paciente se sinta saciado mais rapidamente e o alimento permaneça no estômago por mais tempo, ajudando a conter o apetite. O procedimento é feito em regime ambulatorial, com o paciente sedado, e demora cerca de 30 minutos.
Após seis ou doze meses (dependendo do tipo de balão indicado), quando o estômago do paciente se ajustou a porções menores de alimento, o balão é retirado. Este procedimento pode ser realizado mais de uma vez para que um efeito prolongado seja obtido. O objetivo do balão intragástrico é servir como um catalisador para ajudar os pacientes a iniciarem sua própria jornada de perda de peso.
Plasma de argônio
A técnica de plasma de argônio é indicada apenas para pacientes que realizaram previamente a cirurgia do Bypass Gástrico (ou Capella). Ela visa ajudar o paciente na perda de peso por meio da redução do diâmetro da anastomose (emenda cirúrgica realizada entre o estômago reduzido e o intestino delgado), nos casos em que houve aumento de diâmetro após a realização de uma primeira cirurgia bariátrica.
Durante o procedimento, o médico passa um cateter com duplo lúmen por dentro do endoscópico, indo até a região onde será aplicado o plasma de argônio. Em seguida, uma corrente elétrica é disparada por um lúmen do cateter, enquanto o gás argônio passa pelo outro lúmen. Quando ambos se encontram na ponta do cateter, próximo à mucosa do estômago, é formado um plasma de coagulação que cauteriza o tecido. Essa cauterização forma uma cicatriz que diminui o tamanho da anastomose e aumenta a saciedade.
O plasma de argônio é indicado principalmente para pacientes que se submeteram à cirurgia bariátrica, mas que tiveram reganho de peso após dois anos ou mais. O procedimento é feito com sedação e dura cerca de 15 minutos.
Em geral, são necessárias em média três sessões, com intervalos de um a dois meses entre elas, de acordo com a resposta do organismo de cada indivíduo. Para saber se são necessárias mais sessões, é aconselhável realizar uma endoscopia de controle a cada 6-8 semanas após a última aplicação do argônio
O argônio é um gás inodoro, inerte e não tóxico, o que faz com que seu uso na endoscopia bariátrica seja bastante seguro.
Como se preparar para a bariátrica por endoscopia?
Antes de realizar qualquer uma das técnicas de endoscopia bariátrica, o paciente deve fazer alguns exames de sangue para avaliar doenças metabólicas e hormonais que necessitem ser tratadas e controladas antes de realizar o procedimento.
Os exames também ajudam a indicar deficiências vitamínicas, problemas de coagulação do sangue e perfil lipídico.
Exames de imagem também são realizados, sendo os principais deles:
- Ultrassom de abdômen;
- Eletrocardiograma;
- Raio-x de tórax;
- Exames de sangue.
Consultas com anestesista (para avaliar o risco cirúrgico) e com psicólogo (para avaliar distúrbios alimentares) também podem ser indicadas antes de realizar procedimentos de endoscopia bariátrica. Caso o médico julgue necessário, ele pode solicitar a opinião de outros especialistas.
Após avaliação médica e liberação para fazer a endoscopia bariátrica, é necessário ficar em jejum por oito horas antes do procedimento para alimentos sólidos e 2 horas para água.
Quais são os cuidados após o procedimento?
Finalizados os procedimentos de endoscopia bariátrica, o paciente permanece em observação por algumas horas, recebendo alta no mesmo dia. Para reduzir as náuseas e evitar vômitos, são indicados alguns medicamentos analgésicos. O repouso deve ser de dois a três dias, conforme recomendação médica, e o paciente pode retomar suas atividades após esse período.
Nos dias seguintes à endoscopia bariátrica, são necessários alguns cuidados, pois o estômago necessita de repouso. Assim, por algumas semanas, a dieta deve ser apenas líquida. Depois, ela evolui para uma dieta cremosa e pastosa para auxiliar na cicatrização.
A dieta equilibrada e a reeducação alimentar são fundamentais para que ocorra a perda de peso após a endoscopia bariátrica. Por isso, é recomendado que o paciente seja acompanhado por um nutricionista, que irá prescrever o que pode ser ingerido em cada fase do processo, como a necessidade de uso de suplementos polivitamínicos para que não haja falta de nutrientes no organismo.
Quais os riscos deste procedimento?
A endoscopia bariátrica é um procedimento cirúrgico considerado extremamente seguro, com taxas de complicação graves ao redor de 1%. Os efeitos colaterais mais comuns após a endoscopia bariátrica incluem:
- Dor de garganta;
- Dor abdominal;
- Náuseas e vômitos.
Esses efeitos geralmente são resolvidos sem a necessidade de maiores intervenções com uso de medicamentos por poucos dias. Os riscos de sangramento, infecção e fístulas são muito baixos na endoscopia bariátrica
Qual médico realiza a endoscopia bariátrica?
Por se tratar de um procedimento endoscópico, a endoscopia bariátrica deve ser realizada por um médico especialista em Endoscopia.
O Dr. Vitor Brunaldi é formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) com residências em Cirurgia Geral e Endoscopia Gastrointestinal, seguidas por complementação especializada em Endoscopia Avançada.
Dr. Vitor também possui títulos de Mestre, Doutor e pós-Doutor em Ciências em Gastroenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Fellow pela Mayo Clinic, nos Estados Unidos. Atualmente concentra suas atividades na área de Endoscopia Terapêutica, com enfoque nas áreas de Bariátrica e Oncologia.
Entre em contato com o Dr. Vitor Brunaldi e agende sua consulta.
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